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Comida, Livros e Loucuras
Olá, somos Min e Cah. Somos duas amigas, querendo viver a vida. Vivê-la com as melhores coisas do mundo.Comida, livros e loucuras. Coisas ruins acontecem com todos, mas nem por isso temos que parar de sorrir!A vida está aí, ela pode ter muitas pedras no caminho, mas você tem que se levantar e ser feliz. Aqui, mostraremos o que nos faz feliz. Um pouco de comida que é algo que nunca nos decepciona e sempre nos faz sorrir!Doces a salgados.Livros que nos apaixonamos pelos personagens, choramos pela tristeza deles e terminamos de ler o livro nos sentindo diferentes.E queremos saber se vocês também sentiram tantas emoções lendo nossos livros. Sim, queremos que lêem de mês em mês capítulos dos nossos livros. Ficaremos muito felizes e agradecidas, por quem ler eles. E não podemos nos esquecer de loucuras, cada um com as suas. Cada um pensa de um modo. Queremos que se sintam livres aqui para dizer o que pensam, o que sentem e pedimos respeito uns com os outros também. Cada um tem sua opinião e pode expor-las, mas sem muitas grosserias. Ficaremos agradecidas. Teremos um pouco de tudo aqui. Beijinhos Min e Cah.
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Livro da Cah - (Título ainda não definido)

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Vida de policial não é fácil. Você tem que enfrentar cada tipo de criminoso, seja perigoso, drogado, louco, existem de todos os tipos e algumas vezes você acaba no hospital ou pelo menos com um curativo para evitar que saia sangue. A gente acaba se acostumando. Não sei como meus colegas conseguem ter uma vida normal e ao mesmo tempo estar arriscando ela. Muitos tem filhos e já são casados. Não pretendo que isso aconteça comigo, mal consigo cuidar de mim mesma, vou conseguir cuidar de uma família? E além do mais, não tem muitos caras que gostam de uma mulher que dá toda atenção ao trabalho. Às vezes sinto vontade de um carinho, mas depois a vontade some quando lembro o que faço. Amo meu trabalho, nasci para isso e nunca o largaria, ninguém entende. Por isso estou melhor sozinha, trabalho e trabalho e subo mais na minha carreira. Estou bem assim, não tenho irmã e nem irmão, meus pais estão mortos e moro longe dos outros parentes. Chego em casa e abro a porta e só ouço o silencio, deixo minhas armas, descarregadas, em cima da mesa e vou tomar uma ducha, depois deito na cama e tento assistir TV e depois acordo e começa tudo de novo. Não peço feriados, nem folga, nem aumento, nem férias. Já disse, estou melhor assim. Minha carreira está indo tão bem e sou tão boa no que faço, que já me perguntaram se eu poderia trabalhar para “algo maior de máxima importância”.
--Como o FBI? – digo esperançosa para meu chefe.
A maioria dos filmes tem um chefe gordo e com bigode que sempre toma café e é um cara emburrado. Mas no meu caso não se pode dizer isso. Se o cargo de policia não fosse tão arriscado, mulheres fariam filas só para poder ver Daniel, alto, magro, olhos nem preto nem castanho, umas mistura dos dois. Um corpo muito bem cuidado para quem devora um pote de rosquinhas toda manhã e um humor muito animado para quem vê sangue praticamente todos os dias. Ele ri da minha idéia e me pede para sentar.
--O que é então?
Poucas vezes vejo Daniel preocupado. E essas poucas, são preocupantes mesmo. Ele some com seu sorriso e seu olhar alegre, e fica com um verdadeiro olhar de chefe policial e às vezes chega até ser chato. Mas Daniel estava parecia, uma pilha de nervos e preocupação. Levanta-se e vai até a janela para ver o tempo e volta a se sentar, me oferece uma rosquinha ou café, mas recuso indo direto ao assunto.
--O que é agora? Mais um que criou uma nova droga? Outro que está fazendo serial killer? Mais algum que está estuprando garotas inocentes? O que é?
Daniel fica batendo seus dedos na mesa, um de cada vez. Uma mesa feita de madeira e pintada com verniz e tinta preta, muito bonita admito. Sua cadeira não é como a de grandes líderes, mas não dispensa as rodinhas para poder se mover sem se levantar. Estante recheadas com livros favoritos, fotos e pastas. Um computador aqui, uma cafeteira ali, uma porta canetas ali, etc. etc. Também não liga para privacidade e quase nunca fecha as venezianas da sala, somente quando o caso é grave, e agora reparo que elas estão fechadas. Estou nervosa não
agüento mais esperar, poderia estar fazendo algo útil, como talvez prender algum crimonoso. Mas estou sentada, parada, esperando a iniciativa de um cara. Minha vontade era pegar a arma e apontar para a cabeça de Daniel, mas isso não seria o sensato a fazer. Sou séria e durona com meu trabalho, não brinco nessas horas, dou risadas e gosto de piadas, admito. Mas quando se está sozinha, não tem como sorrir, e acho que estou tanto tempo assim, que levo a seriedade do meu trabalho para casa. Respiro fundo e me ajeito na cadeira.
--Daniel, não posso lhe ajudar senão me contar o que está acontecendo.
Ele enfim, abre a boca:
--Já ouviu falar de Ana Machado?
--Sim, a historiadora cientista. O que tem ela?
--Parece que ela criou algo importante.
--Cientistas, criam. Esse é o dever deles. E policiais, fazem algo de útil, o que estou fazendo aqui?
Quero sair logo dali, não agüento mais. Daniel parece não se intimidar com minha grosseria e se aproxima da mesa como se fosse contar um segredo, me aproximo junto com os cotovelos apoiado nos joelhos e ele continua falando.
--Ela criou algo muito importante e perigoso, algo que ela sempre quis fazer quando criança e jovem e agora conseguiu.
--Ótimo para ela. - ele volta a sua posição na cadeira.
--Eu não diria isso.
--E por quê?
--Porque parece que esse algo, caiu em mãos erradas.
Recosto-me na cadeira e solto um suspiro. Não é a primeira vez que isso acontece, todo dia em algum lugar do país, pessoas famosas são roubadas. Vi que essa tarefa não seria fácil. Ana Machado é considerada uma das maiores cientistas agora, para Daniel me falar sobre esse problema parece que é algo muito valioso para ser encontrado e penso que não é tão má idéia. Claro que preferiria ir para o FBI, mas o que espero? Estou no Brasil, proteger ou salvar Ana Machado já é o suficiente para ser reconhecida como uma heroína, talvez. Volto para minha posição anterior e sussurro.
--Vamos falar com ela?
--Se estiver disponível, policiais tem que fazer algo útil não é?
E volta com seu sorriso e olhar alegre por saber que... ”estou nessa”, mas não estou nem um pouco animada, me levanto, vou para a porta e seguro a maçaneta, me viro.
--Não é hora para brincar.
E saio pronta para mais uma aventura do dia-a-dia de um policial e penso que não será nada difícil, mas antes que eu possa fechar a porta, Daniel me chama a atenção.
--Luana?
--Sim?
--Às vezes é bom brincar, para não lembrar que estamos no mundo real.


Não entendi o que ele quis dizer. Mas não fiquei preocupada, estou mais acostumada no mundo real mesmo. Chamei Leo e Eduardo, os melhores que eu já vi. Eduardo é perfeito na mira e não erra nenhuma, maneja arma como se ela fosse de brinquedo e parece que está correndo livre pelo campo como uma criança e não estar a qualquer momento cara a cara com a morte, ele não tem medo dela. Leonardo usa a arma como se fosse fazer um bolo ou uma tarefa simples da casa, diferente do Eduardo, teme a morte e é pai de duas lindas crianças, um garoto de dez anos e outra menina de cinco anos. Um verdadeiro pai que consegue ter tempo para as três coisas importantes em sua vida, trabalho, crianças e sua esposa. Confesso que gostaria de poder ser ele, mas não tenho tempo. Eduardo gosta de festas e nada de compromisso, mas leva a sério seu trabalho. Já tentou dar em cima de mim, mas não sou dessas, somente ignorei e da última vez, acertei em seu ponto fraco, e aquilo foi o último aviso. Agora, somos somente colegas de trabalho e se não fosse tão bom no que faz, não faria parte de minha equipe. Mas ele é. Encontrei os dois na mesa do Leo tomando um cafezinho e rosquinhas antes de fazerem o trabalho duro.
--Peguem suas melhores armas, saímos em dez minutos.
--Desculpe Luana, mas vamos terminar muito tarde?
--Algum compromisso?
--Aniversário da Clara.
Parece que estava errada, seis anos. Me esqueci completamente que hoje era essa data, apesar de Leo me falar o tempo todo. Como o tempo passa, e parece que ontem fui visitá-la no hospital, tão pequena e desprotegida. E pensar, que daqui a pouco meus anos vão se passar e posso acabar na casa da esquina, sozinha, cuidando de flores e vivendo eu e o silêncio, sozinha.
--Luana?
Leo me faz voltar a terra e percebo que espera uma resposta, sua foto com as crianças está na mesa. Rindo, felizes e juntos. Não podia fazer isso com aquele pai apaixonado pela família e não quero que ele acabe como eu, não quero aquelas crianças tristes e me tratando como uma bruxa, apesar de saber que posso ser. Vejo os olhos, cheios de alegria e esperança que possa fazer sua filha feliz esta noite, com uma simples visita e minutos juntos, antes de ir para a cama e esperar tudo no próximo dia começar de novo. Olho dentro daqueles olhos e respondo com o meu melhor sorriso, mesmo sendo tão frio.
--Tudo bem, poderá sair mais cedo. Mas primeiro preciso de você hoje, depois te deixo ir. –olho para o relógio- São cinco e meia. Se demorar um pouco, te deixo ir às sete. Estamos combinados?
--Perfeito, melhor não poderia ser.
E seu sorriso cresce e sei que está pensando em muitas coisas para brincar com seus filhos esta noite, não consigo evitar um sorriso. Deve ser bom ser amado, lembro-me de Eduardo, com certeza gostaria de aproveitar sexta-feira em uma festa com os amigos, viro-me, boto as mãos na cintura e pergunto, voltando ao jeito séria e durona.
--E você? Tem algum compromisso importante?
--Até que não. Hoje só quero chegar em casa e deitar na cama.
--Ótimo, pois infelizmente vou precisar de você.
--Claro que precisa de mim.
Ignoro seus olhares sedutores e sua cantada inútil. Ignoro seu corpo de modelo, seu cabelo preto brilhante, cheio de gel, erguendo um topete estúpido e seus olhos cheios de desejo e me viro. Tenho que arrumar minhas armas, mais um dia de trabalho como qualquer outro. Carrego minha arma, pego meu cinto, meu óculos e espero os três no carro. Eu dirijo, não deixo mais ninguém tocar nele, meu trabalho, minha responsabilidade. Estou encostada no carro, olhando para o chão com os braços cruzados e pensando no vazio e no silêncio. Levanto minha cabeça e viro para um lado para o outro a fim de ver algo... interessante. Nada. Só vejo uma garota, sentada no meio-fio, me encarando e soltando fumaças de sua boca depois de tirar o cigarro dela. Pelo jeito, é gótica ou emo, essas coisas que os jovens falam. Botas pretas, calça preta, camisa preta e casaco de couro preto, sem falar na maquiagem preta que rodeia seus olhos. O que leva uma garota de pelo menos dezesseis anos a viver nisso? Penso em como não sabem mais dar valor a vida esses jovens e balanço minha cabeça negativamente e olho novamente para o chão, para o vazio.
--Prontos?
Daniel sempre sorri, como consegue? Não sabe que pode cair no chão e nunca mais levantar? Não sei por que ele faz isso, a minha resposta por ser um simples idiota, é isso que penso. Mas sempre continua sorrindo, como consegue? Às vezes penso que ele é de outro mundo. Eduardo não está nem nervoso, nem feliz, nem nada, seu rosto é um vago vazio sem expressão de medo ou felicidade. Leo parece estar feliz em poder ver sua filha hoje e dar-lhe o presente
que me pediu ajuda alguns meses atrás para escolher, escolhi meu urso de pelúcia. Tanto tempo sem carinho deve ter feito ele ficar doente, não quero mais vê-lo daquele jeito e pedi para ele dar para ela e que cuidasse bem, ele está...mal. Ele já entra no carro, com seu cabelo loiro de surfista e olhos azuis. Pergunto-me como ele, com trinta anos tem um ótimo trabalho e uma família? Tenho trinta e dois e no final do mês que vem já faço trinta e três. Eduardo tem trinta e sete e Daniel trinta e quatro. Não somos tão velhos como outros policiais. Fecho a porta de trás, onde Eduardo e Leo estão sentados e faço a volta para entrar na parte da frente e quando olho para lá, a garota já deixou seu cigarro apodrecer na chuva que estava por vir.

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